sábado, 26 de fevereiro de 2011

Geoformas na Serra da Engabelada , Congo - PB

O Município do Congo – PB, possui uma geodiversidade imensa e com potencialidade para o geoturismo bastante forte. Dentre as atrações do geoturismo, está incluso a observação das geoformas esculpidas em grandes, médios e pequenos blocos rochosos que através do intemperismo físico e químico, seja ele por meio de águas pluviais, ação dos ventos ou até mesmo o choque entre blocos no ato do rolamento ou queda (FERNANDES, 1996), por exemplo, tomam formas diferentes, sendo possíveis associá-las a seres vivos ou membros dos mesmos, e objetos diversos que conhecemos. É comum a população de certa localidade associar a algum animal ou objeto, determinado bloco rochoso para servir como ponto de referencia no campo.

Sendo assim, em excursão a Serra da Engabelada no município do Congo - PB, a equipe do Laboratório de Cartografia e Geoprocessamento da UFPB – Campus IV – formada pelo Prof. Msc. Leonardo Meneses e os discentes Hugo Yuri e Elayne Gouveia, puderam observar diversos blocos com geoformas diferentes e curiosas. Alguns deles a própria população já haviam batizado, em outros a equipe tomou a liberdade de batizá-los devido não possuir nome, sendo necessário em virtude do projeto de pesquisa sobre Geodiversidade, que a equipe está iniciando seu desenvolvimento no local com fins voltados ao “ecogeoturismo” no município.

Da visita ao município do Congo – PB está sendo produzido pela equipe do LCG um relatório parcial sobre o patrimônio geológico, biológico, geomorfológico e cultural, que está em fase de finalização; um projeto para iniciar parceria entre o Laboratório e Prefeitura Municipal a fim de realizar estudos em toda a região do município; a confecção de artigos científicos a serem publicados em revistas; e elaboração de um projeto-proposta para o desenvolvimento do “ecogeoturismo” a ser adotado pela Prefeitura posteriormente com base no planejamento desenvolvido cuidadosamente com a participação da comunidade local para alcançar maior sucesso em termos de satisfação por parte dos visitantes, benefícios econômicos e mínimos impactos negativos sobre o local (TIMOTHY, 1998).

Muitas geoformas foram identificadas a exemplos:

Foto 01 - Pedra da Orelha

Foto 02 - Pedra do Pato

Foto 03 - Pedra do papagaio-de-cara-no-chão


Foto 04 - Pedra do Capacetinho

Tornando-se atrativos da Serra da Engabelada no ramo do geoturismo, essas rochas graníticas oriundas do batólito Serra da Engabelada, estão sendo catalogadas para serem divulgadas e preservadas, posteriormente, e seu valor reconhecido principalmente pela população local, a qual grande parte da mesma desconhece o rico patrimônio que possuem em sua cidade. Sendo o geoturismo um ramo voltado aos aspectos físicos do relevo, sua conservação deve possuir tanta atenção quanto à conservação da biodiversidade, principalmente quando se refere aos registros rupestres deixados por povos pretéritos, que também são encontrados na serra. Neste sentido, a atividade em estudo deve ser desenvolvida junto a projetos de geoconservação, como é comum na maioria dos países que a desenvolvem (Medeiros 2007).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Fernandes, N.F. & Amaral, C.P. 1996. Movimentos de Massa: uma abordagem geológica-geomorfológica. In: Guerra, A.J.T. & Cunha, S.B. (eds.), Geomorfologia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil Ltda.

TIMOTHY, D. J. Cooperative tourism planning in a developing destination. Journal of sustainable tourism. V. 6, n. 1. London, 1998.

MEDEIROS, Wendson Dantas de Araújo Medeiros. Potencial geoturístico do Nordeste. URCA: Cadernos de Cultura e Ciência, 2007.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Pedra da Tartaruga - Gurjão - PB

Visitamos este geossítio pela primeira vez em dezembro de 2010 quando da realização de uma aula de campo que executei com a turma da disciplina de Metodologia de Estudos de Impactos Ambientais, que ministro no curso de Ecologia da UFPB. Foi uma visita breve, mas que tem gerado bons frutos pois nos permitiu realizar contatos que nos levaram a executar uma pesquisa mais aprofundada, voltada à execução do inventário dos geossítios do município. Este trabalho vem sendo executado por mim e por minha orientanda (também colaboradora deste blog) Elayne Gouveia e constituirá parte do trabalho de conclusão de curso de Ecologia, do qual é discente. Neste projeto, muito nos tem ajudado a Prefeitura Municipal e os amigos que fizemos neste curto espaço de tempo em que lá estamos trabalhando: Lila, Dona Nena, Alysson, Rita e Samy.

Voltando ao nosso foco, o geossítio Pedra da Tartaruga situa-se no Sítio Santa Rita, distante 4 km à SE da sede do município de Gurjão, mais precisamente nas coordenadas 7º 16’ 24,4” latitude sul e 36º 27’ 31,6” longitude oeste. O acesso é feito por uma estrada de terra que permite o tráfego de carros pequenos, à exceção de períodos chuvosos, quando o acesso fica mais difícil, havendo a necessidade de um veículo com tração para vencer as áreas mais alagadiças.

Pedra da Tartaruga - Gurjão - PB
O geossítio é constituído por um afloramento rochoso sobre o qual atuaram (e ainda atuam) os processos intempéricos que atribuíram ao bloco o aspecto semelhante ao de uma tartaruga, derivando daí o nome do local.


Pedra da Tartaruga - Gurjão - PB

As rochas desse geossítio apresentam uma densa rede de fraturas que propiciam a concentração das águas pluviais que, ao escoarem sobre a rocha, geram caneluras devido à presença de ácidos orgânicos e/ou húmicos oriundos da decomposição de vegetais que encontram na rocha um substrato para seu desenvolvimento.

Atua, ainda, o intemperismo físico causando a desagregação mecânica da rocha, individualizando-a em blocos menores, podendo até mesmo causar o deslocamento de alguns deles, que se depositam na base do afloramento.


Vegetação desenvolvida nos sedimentos derivados do
intemperismo da rocha

Segundo relatos, também já ocorreu de tentarem remover o bloco que tem a forma da tartaruga, não se sabe ao certo por qual motivo. Entretando foi uma tentativa frustrada devido ao peso da mesma.

Ao que se observa, no sítio se desenvolve apenas uma agricultura incipiente, baseada na produção de palma forrageira. Sendo assim, a atividade econômica do sítio poderia ser complementada com a atração de visitantes interessados no geoturismo e no turismo de natureza, compatibilizando o desenvolvimento econômico com a conservação do patrimônio geológico.
Sítio Santa Rita
Bem próximo ao afloramento encontra-se o Rio Gurjão, um dos principais cursos d'água do município. Neste trecho pode-se perceber o efeito da retirada da mata ciliar causando o transporte de uma carga excessiva de sedimentos para o leito do rio, assoreando-o. Um ponto positivo da presença dessa caga detrítica no leito do rio é que, por ser um material bastante poroso, permite uma maior infiltração da água e, quando em períodos de estiagem, permite que, escavando-se poucos centímetros, à um aquifero livre que pode suprir pequenas necessidades de dessedentação de animais ou até, em casos mais extremos, abastecimento humano da população ribeirinha.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Congresso à vista!


Nos dias 12 a 15 de Outubro de 2011, ocorrerá no Campus I da UFPB - João Pessoa/PB - o II Congresso Nacional do Meio Ambiente e IV Congresso Nordestino de Biogeografia.
O evento espera contar com 1.500 partcipantes de diferentes áreas de atuação no que se trata de assuntos ambientais, dentre eles Geodiversidade.


Os eixos temáticos a serem abordados são:

• Educação Ambiental e Saúde Global
• Biogeografia e Biodiversidade
• Mudanças Climáticas e Sociobiodiversidade
• Educação Ambiental, Conscientização e Mobilização Social
• Ecopedagogia e Educação Ambiental
• Biomas Brasileiros: fatores naturais e ações antrópicas
• Conservação e Manejo dos Ecossistemas
• Agroecologia, Pesca e Extrativismo
• Gestão de Bacias Hidrográficas
• Tratamento de Resíduos e Saneamento
• Paisagismo Urbano e Reflorestamento
• Biogeografia dos Ambientes Aquáticos e Insulares
• Dinâmica e Gerenciamento dos Ambientes Costeiros
• Paisagem, Turismo e Meio Ambiente
• Planejamento e Gestão de Áreas Protegidas
• Geodiversidade e Geoconservação
• Degradação Ambiental e Desertificação
• Prevenção e Controle de Desastres Ambientais
• Alternativas para Geração de Energia Limpa e Reciclagem
• Políticas Públicas, Projetos e Ações
• Legislação e Direito Ambiental
• Conflitos em Ambientes Urbanos
• Metodologia do Ensino de Biogeografia
• Métodos e Técnicas Aplicados ao Ensino da Educação Ambiental

Mais informações sobre os Congressos são encontradas no site: www.cnea.com.br/

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Alguns conceitos iniciais

Olá a todos.

Apesar de já haverem algumas postagens aqui no blog, a que estou publicando agora pode ser considerada como a primeira mais dedicada à divulgação da temática que estamos pesquisando (geodiversidade, geoconservação e geoturismo). Como é uma temática nova em nossa região, é necessário que se entendam os conceitos básicos que a norteiam, sendo esse o objetivo dessa postagem.

  • Geodiversidade:
É a variedade natural de aspectos geológicos (minerais, rochas e fósseis), geomorfológicos (formas de relevo, processos) e do solo, incluindo suas coleções, relações, propriedades, interpretações e sistemas (GRAY, 2004). Os locais de interesse geológico, bem delimitados espacialmente e que apresentem algum elemento da geodiversidade com especial valor científico, didático, cultural, econômico, turístico ou outros, são conhecidos por geossítios, sendo que o conjunto de geossítios inventariados, caracterizados e que devam ser conservados, denomina-se patrimônio geológico (BRILHA, 2005).

  • Geoconservação:
Tem por objetivo preservar a diversidade natural de significativos aspectos e processos geológicos, geomorfológicos e de solo, pela manutenção da evolução natural desses aspectos e processos (SHARPLES, 1995;2002 apud NASCIMENTO, 2008).
  • Geoturismo:
Pode ser considerado como uma especialização do ecoturismo, corroborando com o que apresentam Dowling e Newsome (2006) apud Nascimento, Schobbenhaus e Medina (2008) quando consideram o geoturismo como subsegmento do ecoturismo. Hose (2000), define o geoturismo como “a provisão de facilidades interpretativas e serviços para promover o valor e os benefícios sociais de lugares e materiais geológicos e geomorfológicos, assegurando sua conservação, para uso de estudantes, turistas e outras pessoas com interesses reacreativos ou lazer”.
A base de desenvolvimento do geoturismo é a valorização do patrimônio geológico como principal atrativo turístico, exercendo suporte para atividades de educação ambiental (interpretação) e divulgação desse patrimônio para a população e para os visitantes. Portanto, o alvo das visitações deve ser o conhecimento e entendimento dos processos envolvidos na formação dos geossítios e estas visitações devem estar apoiadas em princípios ambientais de sustentabilidade (geoconservação).


Espero que estas informações possam servir de pontapé inicial e de estímulo para o desenvolvimento de pesquisas nessa área, ainda tão carente de trabalhos aqui em nosso país. Nas próximas postagens vamos apresentar o que a Paraíba tem de mais valioso no que diz respeito à geodiversidade e continuar debatendo sobre o tema.

Abraços a todos e até a próxima.

REFERÊNCIAS:

BRILHA, J.B.R. Patrimônio Geológico e Geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica. Palimage Editora, 190p. 2005.

GRAY, M. Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature. John Wiley & Sons Ltd. Londres, 434p. 2004.

HOSE, T. A. et al. European Geotourism: geological interpretation and geoconservation promotion for tourist. Ed. Geological Heritage: Its Conservation and Management, Sociedad Geologica de España/ Instituto Technologico GeoMinero de España/ ProGeo, Madri, 2000.

NASCIMENTO, M.A.L; SCHOBBENHAUS, C.; MEDINA, A.I.M. Patrimônio Geológico: Turismo Sustentável. In: SILVA, C.R. (editor). Geodiversidade do Brasil, Rio de Janeiro: CPRM. P. 135-162. 2008.

NASCIMENTO, M.A.L; RUCHKYS, U.A.; MANTESSO-NETO, V. Geodiversidade, Geoconservação e Geoturismo: trinômio importante para a proteção do patrimônio geológico. São Paulo, Sociedade Brasileira de Geologia. 84p. 2008.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Turismo de aventura e natureza

Dentre muitas outras atrações, a cidade do Congo - Cariri paraibano - é um bom local para quem pretende fazer turismo de aventura e natureza e conhecer um pouco da história dos povos antigos que aqui viviam.


Pinturas rupestres na Pedra do Letreiro no Congo - PB.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Seja bem vindo!

Este blog é destinado à divulgação do potencial da geodiversidade do Estado da Paraíba.

os quatro elementos