sexta-feira, 18 de março de 2011

Rochas plutônicas

As rochas são os principais elementos constituintes da litosfera e podem ser definidas como um agregado natural de um ou mais minerais (LEINZ e AMARAL, 1968). De acordo com sua gênese, as rochas podem ser classificadas em ígneas, sedimentares e metamórficas. As rochas ígneas originam-se da consolidação do magma e delas derivam os outros dois tipos de rocha (Figura 01).
Figura 01 - Ciclo das rochas (Fonte: http://fossil.uc.pt/pags/transf.dwt)

No caso das rochas sedimentares, sua origem se dá pela desagregação mecânica ou química de qualquer tipo de rocha, por meio de agentes exógenos, originando sedimentos que podem ser transportados e se depositarem (ou precipitarem) em algum ambiente de sedimentação. As rochas metamórficas, por sua vez, originam-se da alteração química e/ou textural de rochas ígneas ou sedimentares devido à variações de temperaura e pressão.

As rochas ígneas (ou magmáticas), quanto ao ambiente de consolidação (solidificação), pode ser extrusiva ou intrusiva. As rochas extrusivas caracterizam-se pelo extravasamento do magma para a superfície, onde ocorre seu resfriamento, denominando-se, assim, de rochas extrusivas, vulcânicas ou efusivas. Nas rochas efusivas, a cristalização dos minerais é deficiente pois o resfriamento do material fundido é rápido, não permitindo a formação de grandes cristais (Figura 02), tornando a identificação de minerais a olho nú mais difícil, à este tipo de textura dá-se o nome de afanítica (GUERRA e GUERRA, 1997).
Figura 02 - Exemplo de rocha efusiva (basalto)
Quando a consolidação se dá no interior da crosta terrestre, a vários quilômetros de profundidade, a rocha formada se denomina de intrusiva, plutônica ou abissal. Uma vez que nestas condições o resfriamento ocorre de forma mais lenta, existe a possibilidade de desenvolvimento de cristais de tamanhos maiores (Figura 03) atribuindo à rocha uma textura equigranular (LEINZ e AMARAL, 1968).
Figura 03 - Exemplo de rocha intrusiva (granito)
Os principais tipos de rochas plutônicas são: granito, sienito, diorito, gabro e peridotito. Estas se diferenciam-se basicamente pela composição mineral e textura.

Considerando a atuação das forças exógenas na morfogênese, juntamente com a atuação epirogenética e orogenética, ocorre que alguns destes corpos intrusivos por vezes acabam por aflorar em superfície. À estes corpos magmáticos que se consolidaram nas profundidades, dá-se o nome de plúton, podendo ser classificados, de acordo com sua situação em relação às rochas preexistentes. Caso os corpos obedeçam a estrutura geológica das rochas preexistentes, são denominados de concordantes, caso contrário, são corpos discordantes, ou seja, cortam discordantemente as estruturas preexistentes.

Figura 04 - Principais tipos de corpos intrusivos
As principais formas concordantes são o sil e os lacólitos. Estas formas ocorrem quando a intrusão magmática desloca a rocha encaixante de acordo com os planos de estratificação ou xistosidade. Quando o magma é pouco viscoso ele pode ser transmitido hidrostáticamente à grandes distâncias, formando corpos tabulares, extensos e pouco espessos, paralelo à estratificação das rochas, denominados de sil. No caso do magma ser mais viscoso, o atrito interno causará perda de pressão, ocasionando o represamento do magma que se acumulará perto de sua fonte dando origem à uma forma lenticular, plano-convexa, semelhante a um cogumelo e denominada de Lacólito. Em superfície, o lacólito pode acarretar com que a topografia fique em forma de cúpula.

Dentre as formas intrusivas discordantes, destacam-se os diques, os necks e os batólitos. Estes corpos têm em comum a característica de ocupar os espaços vazios das rochas encaixantes (falhas, fendas, diáclases), não obedecendo aos planos de estratificação ou xistosidade das mesmas.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GUERRA, A.J.T.; GUERRA, A.T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. 648p.

LEINZ, V.; AMARAL, S.E. Geologia Geral. 4 ed. São Paulo, Editora Nacional, 487p. 1968.

quinta-feira, 17 de março de 2011

De olho nos congressos...



O Congresso Brasileiro de Paleontologia é um evento da Sociedade Brasileira de Paleontologia, que ocorre a cada dois anos e tem por objetivo reunir profissionais, pesquisadores e acadêmicos atuantes nesta área das geociências, para divulgar e compartilhar informações técnico-científicas, bem como discutir temas relacionados à paleontologia. O evento contará com a participação de instituições de pesquisa e da indústria visando debater aspectos relevantes da Paleontologia no Brasil, na perspectiva do desenvolvimento da ciência, dos aspectos sócio-econômicos e do homem.
O último Congresso Brasileiro de Paleontologia realizado na região nordeste foi em 2005, na cidade do Aracaju (SE). Em 2011, quando da realização do XXII CONGRESSO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA na cidade de Natal (RN), comemoraremos os 50 anos de realização do II CONGRESSO BRASILEIRO DE PALEONTOLOGIA na cidade de Mossoró (RN). O Congresso será marcado ainda por uma homenagem póstuma ao agrônomo e ex-professor da UFERSA (Mossoró), Vingt-Un Rosado, natural de Mossoró (1913-2005), e um importante incentivador da paleontologia do Rio Grande do Norte.
O evento pretende promover ainda a inclusão social, com a participação de alunos e professores de Escolas Públicas do Rio Grande do Norte, buscando aproximar o meio científico e a sociedade, em um contexto científico-pedagógico.

Mais informações sobre o congresso no site: http://www.xxiicbpnatal.com/

domingo, 13 de março de 2011

Amostras singulares

Muitas vezes quando vamos ao campo executar alguma atividade já sabemos o que esperar dele e o que vamos encontrar. Outras temos gratas surpresas e identificamos locais e aspectos singulares, algumas vezes quase inexplorados ou muito pouco conhecidos. Nesta postagem apresento algumas amostras que coletamos em um de nossos trabalhos de campo em Gurjão - PB.

As Figuras 1, 2 e 3 apresentam amostras de rocha com elevado teor de ferro nas quais se formaram drusas quartzosas. Drusas são agrupamentos irregulares de cristais no interior de um geodo ou em cavidades encontradas, geralmente, nos filões, sendo mais frequentes no quartzo e apresentando cristais bem desenvolvidos (GUERRA e GUERRA, 1997).

Figuras 1, 2 e 3 - Drusas quartzosas

A Figura 4 apresenta uma amostra de madeira silicificada (fossilizada), também encontrada no município de Gurjão. Na Figura 5 pode-se verificar a formação de pequenos cristais de quartzo em algumas cavidades.

Figura 4  - Madeira silicificada

Figura 5 - Formação de cristais de quartzo na madeira silicificada
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GUERRA, A.J.T.; GUERRA, A.T. Novo dicionário geológico-geomorfológico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. 648p.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Alguns minerais e rochas

Como forma de divulgar um pouco da geodiversidade da Paraíba, publico algumas fotos de amostras que coletamos em alguns de nossos trabalhos de campo. É apenas uma pequena amostra da diversidade que existe no Estado e que tem o propósito de ajudar aqueles que precisem ou desejem identificar alguma amostra que por ventura obtenha por meio de comparação visual entre as imagens.

Alerto apenas para o fato de que as vezes as aparências enganam e é sempre bom consultar alguém mais experiente para uma identificação mais precisa. Na medida em que tivermos novas imagens, nós as publicaremos.

Ao lado do nome da mineral ou rocha, segue o nome do município onde fizemos a coleta.

calcedônia - Cubati
feldspato - Assunção
feldspato - Cubati
Granito (cor caramelo) - Cubati
granito - Gurinhém
pegmatito - Cubati
quartzo branco - Cubati
quartzo rosa - Cubati

segunda-feira, 7 de março de 2011

Aspectos Vegetacionais do Cariri Paraibano

O Cariri Paraibano apresenta diferentes tipos de vegetação do Domínio das Caatingas (AB’SABER 1967, 1969), único bioma exclusivamente brasileiro e que apresenta florestas de porte baixo, geralmente com árvores e arbustos. O clima regional é do tipo Bsh (semi-árido), que se caracteriza por elevadas temperaturas (médias anuais em torno de 26ºC), pequenas amplitudes térmicas anuais e chuvas escassas e irregulares, onde se observam os menores índices de precipitação pluviométrica, com médias anuais inferiores a 400 mm (COHEN e DUQUÉ, 2001).
Durante os trabalhos de campo nos municípios Gurjão e Congo, a partir de levantamentos preliminares, a equipe do LCG constatou a predominância das espécies: Caesalpinia pyramidalis (Catingueira), Jatropha mollissima (Pinhão), Cereus jamacaru (Mandacaru), Bromelia laciniosa (Macambira), das famílias Leguminosae, Euphorbiaceae, Cactaceae e Bromeliaceae, respectivamente (Figuras 01, 02, 03 e 04), confirmando a descrição realizada por Barbosa et al.( 2007).

Figura 01. Caesalpinia pyramidalis (Catingueira). Inflorescência e legume



Figura 02. Jatropha mollissima. Inflorescência e fruto



Figura 03. Cereus sp. (Mandacaru)



Figura 04. Bromélia com inflorescência

Velloso et al., (2002), destacam que devido as condições adversas do clima e da baixa resiliência do ecossistema, o Cariri Paraibano está entre as áreas de alta prioridade para estudos e conservação, no bioma Caatinga. Diante disso, se faz necessário a execução de trabalhos na região, que tratem tanto da biodiversidade quanto da geodiversidade.
As condições climáticas e dos solos da região do Cariri Paraibano condicionam a diversidade, ou seja, os níveis de riqueza e abundância da biodiversidade local. Isso exige que as espécies que compõem a flora desses locais possuam adaptações ecofisiológicas que as possibilitem sobreviver em ambientes que passam por longos períodos de estresse hídrico, como, por exemplo, a modificação de folhas por espinhos.
Alguns problemas como a falta de planejamento no uso dos solos, associado a fatores ecológicos (clima semi-árido, condições edáficas e disponibilidade de água) tem acentuado o grau de degradação ambiental, fato bastante comum na região do Cariri e, em conseqüência, grande parte da região encontra-se em processo de desertificação. Nota-se ainda, que o aumento do desmatamento de áreas destinadas à pecuária e agricultura (principal atividade econômica da região) tem gerado a fragmentação da cobertura vegetal, restringindo sua distribuição a remanescentes que podem ser considerados refúgios para a biodiversidade local (Barbosa, 1998).
Considerando o observado na revisão bibliográfica, existe uma facilidade em encontrar trabalhos sobre vegetação no Cariri, enquanto que são raras as pesquisas sobre o meio abiótico, ainda que o ambiente físico (elementos que compõem a geodiversidade) sejam suportes para o desenvolvimento dos componentes bióticos, e estes estejam intimamente ligados, ocorre uma atenção maior voltada à biodiversidade.

É importante destacar que estudos sobre geodiversidade e biodiversidade devam ser igualmente tratados, visto a importância dos mesmos para o equilíbrio do ecossistema.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AB’SABER, A.N. 1967. Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas do Brasil. Orientação (Departamento de Geografia/USP), 3: 45-48.
AB’SABER, A.N. 1969. Participação das superfícies aplainadas nas paisagens do nordeste brasileiro. Geomorfologia, 19: 1-19.
BARBOSA, C.B. Estabilidade de comunidades ribeirinhas no semi-árido brasileiro. Dissertacao (Mestrado em Desenvolvimento e meio ambiente) UFPB. João Pessoa, PB. 1998.
BARBOSA, M.R.V.; LIMA, I. B.; LIMA, J.R.; CUNHA, J.P.; AGRA M.F.; & THOMAS, W.W. Vegetação e Flora No Cariri Paraibano. Oecologia Bras., 11 (3): 313-322, 2007.
VELLOSO, A.L.; SAMPAIO, E.V.S. & PAREYN, F.G.C. 2002. Ecorregiões propostas para o bioma Caatinga. Associação Plantas do Nordeste, Instituto de Conservação Ambiental, e The Nature Conservancy do Brasil, Recife.76p.

terça-feira, 1 de março de 2011

Quem somos

Hoje aproveito o tempo para apresentar a equipe que está, atualmente, por trás do projeto desse blog e das pesquisas que estão sendo desenvolvidas e aqui divulgadas.

Meu nome é Leonardo Figueiredo, sou professor da UFPB Campus Litoral Norte, sediado na cidade de Rio Tinto – PB. Componho o quadro de professores do Departamento de Engenharia e Meio Ambiente e ministro aulas no curso de Ecologia deste Departamento. Sou graduado em Geografia e em Tecnologia em Geoprocessamento, com mestrado em Engenharia Urbana. Atualmente estou coordenando o Laboratório de Cartografia e Geoprocessamento – LCG, em parceria com o professor Anderson Alves (vice-coordenador do laboratório).

As linhas de pesquisa que vimos desenvolvendo concentram-se em: análise da paisagem, processos erosivos e no trinômio geodiversidade, geoconservação e geoturismo.

Dentre as atividades atuais do laboratório destaca-se a execução da “Capacitação de Gestores Municipais em Geotecnologias”, no âmbito do PROEXT/ CIDADES 2010 , já tendo capacitado técnicos de 20 municípios paraibanos, com previsão de capacitar mais 30 até o mês de maio do corrente ano, para a operação de sistemas de informação geográfica como apoio à gestão pública municipal.

Na área de pesquisa, venho orientando alunos na temática da geodiversidade, geoconservação e geoturismo, sendo que alguns dos resultados dessas pesquisas nos municípios do Congo e Gurjão – PB, vêm sendo apresentados nesse blog e estão em fase de publicação em periódicos e eventos científicos. Dois desses alunos, inclusive, são colaboradores deste blog (Hugo Yuri e Elayne Gouveia), contribuindo com as descrições dos ambientes nos quais trabalhamos.

Em breve estaremos expandindo a área de pesquisas e apresentaremos mais resultados de nossas expedições, sendo assim, fiquem sempre atentos às nossas novidades.