segunda-feira, 21 de abril de 2025

Meteoritos: a quem pertencem?

Você sabe o que é um meteorito? Se a resposta for positiva, então você sabe que são “objetos” que chegam à Terra vindos do espaço. O que talvez você não saiba é que o velho ditado “achado não é roubado” nem sempre se aplica aos casos em que alguém encontra um meteorito que conseguiu atravessar a atmosfera terrestre e chegou ao solo.



No Brasil, a inexistência de um arcabouço jurídico que regulamente a questão faz com que persista um mercado onde pessoas colocam à venda meteoritos que lhes chegam às mãos. Esse “mercado” muitas vezes gera conflitos e mal estar às comunidades uma vez que os caçadores de tesouro, ao terem notícias da queda de algum meteorito, iniciam uma verdadeira caçada para achá-los e, nessa busca, terminam por não respeitar, por exemplo, os limites de propriedades privadas, invadindo-as para procurar e coletar os objetos.

Atualmente corre na Câmara dos Deputados um Projeto de Lei (4471/20) que visa regular essa situação e que, dentre outros assuntos, define de quem é a propriedade dos meteoritos que tocam o solo brasileiro.

De acordo com o projeto, dentre outras questões, é definido que o meteorito pertencerá ao dono da propriedade na qual ele caiu. Nos casos em que forem terras públicas, a propriedade será da esfera responsável pela propriedade (Governo Federal, Estadual ou Municipal).

Entretanto, o projeto faz uma ressalva, mesmo nos casos em que a propriedade seja privada, a União poderá solicitar que o proprietário disponibilize o meteorito para fins de estudos em instituições de pesquisa, devolvendo-o depois. É interessante ainda destacar que caso haja interesse e dotação orçamentária, a União poderá adquirir o meteorito mediante pagamento acordado entre as partes interessadas.

Coleção de Meteoritos do Museu Nacional - RJ


Tal fato é importante pois os meteoritos são como os fósseis do universo e guardam em si muitas informações que podem ser importantes para a compreensão da formação de planetas, estrelas e até do próprio universo, portanto, a possibilidade de disponibilização para estudos científicos é crucial para avanços nesse campo de pesquisa.

Já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, agora é aguardar que o projeto siga os demais trâmites legais e torcer para que seja aprovado em definitivo o mais breve possível de modo a dar segurança jurídica e tentar reduzir o mercado ilegal que existe atualmente.

domingo, 20 de abril de 2025

Novos Geoparks da Rede Mundial

Para vocês que curtem ver espacialmente as informações, preparamos uma figura indicando quais foram os países que conseguiram alçar novos geoparks para a Rede Mundial da UNESCO no último ano (2024/2025).


Clique na figura para ampliar

Vale lembrar aqui a lista com a distribuição desses novos geoparks e os países onde estão localizados:

  • China: Kanbula e Yunyang
  • República Democrática da Coréia: Mt Paektu
  • Equador: Napo Sumaco e Tungurahua Volcano
  • Indonésia: Kebumen e Meratus
  • Italia: MurGEopark
  • Noruega: The Fjord Coast Geopark
  • República da Coréia: Danyang e Gyeongbuk Donghaean
  • Arábia Saudita: North Riyadh e Salma
  • Espanha: Costa Quebrada
  • Reino Unido e Irlanda do Norte: Arran
  • Vietnã: Lang Son
Como se percebe, Europa e Ásia continuam à toda velocidade investindo na criação de novos geoparks.

Esperamos que, em breve, o Brasil figure mais fortemente em mapas como esse.

A Rede só aumenta

Próximo a completar dez anos de existência, a Rede Mundial de Geoparques da UNESCO vem, ano a ano, se ampliando. Inicialmente composta por apenas 6 geoparques, atualmente compõem a Rede 229 geoparques distribuídos em 50 países (ver mapa).

Só no último ano, foram aprovados 16 novos geoparks de 12 países para ingressarem na rede, os quais são listados abaixo:

  • China: Kanbula e Yunyang
  • República Democrática da Coréia: Mt Paektu
  • Equador: Napo Sumaco e Tungurahua Volcano
  • Indonésia: Kebumen e Meratus
  • Italia: MurGEopark
  • Noruega: The Fjord Coast Geopark
  • República da Coréia: Danyang e Gyeongbuk Donghaean
  • Arábia Saudita: North Riyadh e Salma
  • Espanha: Costa Quebrada
  • Reino Unido e Irlanda do Norte: Arran
  • Vietnã: Lang Son

Preparamos uma arte exclusiva indicando a distribuição dos países onde estão localizados os novos geoparks da rede, clique aqui para ver.

No Brasil, o primeiro geoparque a ingressar na Rede Mundial foi o Araripe, no Ceará no ano de 2006. Em seguida, a partir do ano de 2022, se juntaram a ele os geoparks Seridó (RN), Caminhos dos Cânions do Sul (RS/SC), Caçapava (RS), Quarta Colônia (RS) e Uberaba (MG).

Em breve esperamos que muitos outros projetos brasileiros submetam suas propostas e passem a fazer parte da Rede Mundial possibilitando uma exposição cada vez maior da rica geodiversidade do país.

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Geoparque Cariri Paraibano: um recomeço?

Após um longo período em stand by, aparentemente as discussões sobre a formalização do projeto Geoparque Cariri Paraibano tomaram corpo e parecem que vão resultar em resultados bastante frutíferos.

Duas reuniões foram realizadas recentemente. A primeira foi na sede do SEBRAE-PB em João Pessoa, no dia 24/03/2025, onde estiveram presentes o ex-prefeito do município de Cabaceiras (Tiago Castro, representantes da gestão do município de São João do Cariri, o professor Leonardo Figueiredo da UFPB e representantes do SEBRAE e se buscou um primeiro nivelamento sobre o estágio em que pararam as discussões.

participantes da reunião do dia 24/03/2025


A segunda reunião, mais robusta, foi realizada na Câmara Municipal de São João do Cariri no dia 31/03/2025, e contou com a presença dos prefeitos dos 4 municípios envolvidos na proposta atual do Geoparque Cariri Paraibano, além de secretários municipais, representação do SEBRAE-PB, UFPB e munícipes.

Reunião realizada em São João do Cariri


Como resultado dessas ações, os prefeitos dos 4 municípios se comprometeram a abraçar a proposta de formalização do geoparque e indicarem representantes para intermediarem as atividades necessárias juntamente com a equipe do Grupo de Pesquisa GeodiversidadePB, coordenado pelo professor Leonardo Figueiredo.

Esperamos que, a partir dessas duas ações, tenhamos realmente um recomeço da caminhada rumo à futura certificação da proposta junto à Rede Mundial de Geoparks da UNESCO.

domingo, 5 de março de 2017

Geoformas: potencial do Cariri Paraibano

Trabalho originalmente publicado no II GeoBRheritage - Simpósio Brasileiro de Patrimônio Geológico, ocorrido de 24 a 28 de setembro de 2013 em Ouro Preto - MG.

Download do Trabalho: pdf


O patrimônio geológico de uma dada região compreende locais, objetos e processos que por sua expressividade ou singularidade apresentam relevância no contexto de sua valorização e conservação, particularmente por possibilitarem a reconstrução da história da Terra. Pode ser classificado com base em áreas da geologia, especializando-se me patrimônio paleontológico, mineralógico, geomorfológico, dentre outros. As geoformas (e sua gênese), para efeito deste trabalho, referem-se à afloramentos de rocha que apresentam semelhança com imagens conhecidas (formas animais/ humanas ou pseudo vestígios, por exemplo), quase sempre geradas pela ação de agentes intempéricos e que se inserem no contexto do patrimônio geomorfológico, podendo apresentar diversos valores tais como o científico/didático, cultural, turístico, ou outro. [...]

Download do Trabalho: pdf

sábado, 10 de dezembro de 2016

Geomorfologia do Nordeste

Segue sugestão de leitura para quem quer se aprofundar um pouco mais nos estudos sobre a geomorfologia do Nordeste e, em particular, do Maciço da Borborema.

Título:
Condicionamento estrutural do relevo no Nordeste setentrional brasileiro

Autores: Rubson P. Maia e Francisco H. R. Bezerra

Publicado originalmente em: Revista Mercator

Resumo:
O presente trabalho fará uma análise acerca do condicionamento morfoestrutural do relevo no Nordeste setentrional brasileiro com ênfase no papel exercido pelas estruturas de deformação rúpteis e dúcteis do embasamento cristalino pré-cambriano. Para tanto, o enfoque analítico proposto abordará a relação entre estruturas tectônicas e relevo e como os processos de denudação continental tem evidenciado essas estruturas por meio da erosão diferencial e tectônica. Nesse aspecto, a exumação em zonas de deformação de direção NE-SW e E-W origina trends de lineamentos que confinam os canais de drenagem orientando a dissecação e por vezes a agradação fluvial. Isso resulta em sequencias de cristas e vales que confinam os canais de escoamento, passando esses a serem indicadores dos planos de deformação. Esse contexto estende-se para os ambientes sedimentares na forma de controle sobre a dissecação que passa a ocorrer orientada segundo os planos de falhas, formando vales encaixados que constituem a expressão geomorfológica da reativação frágil de zonas de cisalhamento transcorrentes nas unidades paleozoicas, mesozoicas e cenozoicas.

texto completo em pdf

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Potencial geoturístico do Semiárido paraibano: um estudo acerca do município de Cabaceiras/PB

Dica de leitura:


Autores:
Luciano Guimarães de Andrade, Nerize Laurentino Ramos, Luiz Gustavo Bizerra de Lima Morais

Publicado na edição especial da Revista de Geociências do Nordeste - REGNE

Resumo:

O geoturismo é um segmento turístico recente, associado aos recursos naturais, especialmente aos aspectos geológicos e geomorfológicos. Desta forma, apresenta-se como atividade econômica bastante promissora. Neste sentido, o presente trabalho aborda o potencial geoturístico do Semiárido paraibano, especificamente do município de Cabaceiras/PB. Tratando-se de um estudo de caso, a pesquisa reúne como ferramentas metodológicas à pesquisa bibliográfica e documental. Como forma de aprofundamento realizou-se ainda, uma pesquisa de campo, na qual objetivou fazer observações sobre o local. Os resultados enaltece um patrimônio geológico bastante diversificado, caracterizado pelas formações rochosas, propício à inserção de atividades turísticas, em especial o geoturismo.